"A dança e o riso"
A dança e o riso são as melhores portas, as mais naturais, as mais facilmente acessíveis para entrarmos na não-mente. Se você realmente dançar, o pensamento pára. Você dançar sem parar, girando, girando e se tornar um redemoinho - todas as fronteiras, todas as divisões desaparecem. Você nem mesmo sabe onde seu corpo termina e onde a existência começa. Você se dissolve na existência e a existência se dissolve em você.
E se você estiver realmente dançando - não controlando a dança, mas deixando que ela o conduza - se você estiver possuído pela dança, o pensamento pára.
O mesmo acontece com o riso. Se você for possuído pelo riso, o pensamento pára. E se você conhecer alguns momentos de não-mente, esses vislumbres lhe assegurarão muito mais recompensas que irão surgir.
O riso pode ser uma bela introdução a um estado de não-pensamento.
No dia em que o homem se esquecer de rir, no dia em que o homem se esquecer de brincar, no dia em que o homem se esquecer de dançar, ele não será mais um homem; ele terá caído para uma espécie sub-humana. A brincadeira o deixa leve, o amor o deixa leve, o riso lhe dá asas.
Dançando com alegria ele pode tocar as estrelas mais longínquas, pode conhecer o próprio segredo da vida.
Você sabe como eu sou despreocupadaque me encerro neste quarto e me permitotodas as divagações, as fantasiasobsessões, perseguições, todos os diasvocê sabe que eu me viro de inventosque eu me reparto e dou criasque eu mal me resolvo e me aguentocarrego pedras no bolsoe enfrento ventanias.Você sabe como eu sou desorientadaraciocínio pelo instinto e cometofugas de túnel de ladra de galeriauso malhas e madras manhas e lenhase percorro superfíciesem que você escorregaria.Mas você sabe como eu sou de subsolosde subterfúgios, de subversos subliminarescomo eu sou de submundossubterrãneos, de sub-reptícias foliasmeio de circo, meio de farsaervas, panfletos, fluídos, presságiosquebrantos, jeitos, gírias, revirasde sensações e cismas, filosofiasde como eu sou de estradas, andanças, pressentimentosatmosférica e vadiagato da noite, de crises, guitarrasouros e danças e circunstânciasde vinho azedo e companhia.Que eu sou de todas as misturastodas as formas e sintoniase enfrento esse aperto, essas normasforças, pressões, imposições, o poderioos intervalos, o silêncio da maioria.Você sabe de toda minha lutamesmo quando a intenção silenciaque eu não cedo, não desistoa todo custo,, a toda faca, a todo riscoeu sobrevivo de paixão e de anarquia.Você sabe bem de minha fraudeVocê conhece as minhas alquimias.